Resenha de "Julieta", novo filme do Almodóvar
Neste mês de julho estreou nos cinemas “Julieta”, novo filme do diretor espanhol Pedro Almodóvar. Para quem já é familiarizado com o estilo dos filmes do cineasta, não faltam elementos característicos de suas obras anteriores, principalmente o protagonismo feminino e as cores fortes predominantes; no entanto, a narrativa de “Julieta” é mais simples, estando a força do filme nas mãos das duas ótimas atrizes que interpretam a personagem-título.
Julieta é uma mulher de meia-idade, que tem a sua aparentemente tranquila e confortável vida abalada ao reencontrar, inesperadamente, uma antiga conhecida. A partir daí ela mergulha no passado, na tentativa de acertar as contas com sua filha Antía, e através de flashbacks ficamos a par de um determinado período da sua juventude, quando conheceu aquele que viria a ser o pai de Antía, o relacionamento com a filha e o fato que gerou o afastamento entre ambas.
A história é, portanto, simples, comum – afinal, quantas histórias conhecemos, ou já ouvimos falar, seja na vida real ou através da ficção, de um relacionamento mal resolvido entre pais e filhos? Mas isso não faz dela menos forte e cativante. As maiores responsáveis por isso são as atrizes Emma Suárez e Adriana Ugarte (que interpreta Julieta quando mais jovem), que nos mostram as várias facetas da personagem, permitindo, dessa forma, uma maior proximidade entre Julieta e o público.
Além disso, o filme é rápido, direto no que se propõe, sem se prolongar excessivamente, como costuma ser, às vezes, com filmes de drama. “Julieta” já é direto desde o título; se tivesse um slogan, seria algo do tipo: “esse filme aqui é sobre uma parte da vida dessa mulher, e você vai acompanhar como ela vai fazer para resolver o que deixou pendente no passado”. Tanto é que, quando o espectador menos espera, ele acaba. Afinal, já tinha cumprido o seu propósito.
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